Durante séculos, crenças foram moldadas com base no medo, na culpa e na obediência. Fomos obrigados a abaixar a cabeça diante de vozes mais altas, cargos mais elevados, dogmas mais aceitos. Confundimos devoção com submissão, e começamos a acreditar que somente validadas a algo externo receberíamos a “salvação”, como uma promessa antiga para domesticar as pessoas a não questionarem, e apenas seguirem ordens de controle, desrespeito e manipulação.
Assim, ao longo de gerações, começamos a desacreditar da própria intuição, da própria visão e da própria alma, como se houvesse algo errado em sentir profundamente (por si), em perceber o invisível, em expressar o sutil, em não caber nos moldes, em querer viver a própria verdade fora das grades do que foi imposto como “normal” ou “certo” (sem nem ao menos se questionar o porquê).
E o que começou fora, com o tempo, se internalizou.
Começamos a procurar defeitos em nós. A temer a própria potência.
A vestir rótulos para sermos aceitas.
A nos calar quando queríamos gritar.
A nos moldar para caber em lugares, trabalhos e relações que já não nos cabiam, ou sequer nos respeitavam. Tudo por pertencimento.
Porque sim, muitas vezes fomos condicionadas a aceitar que certas vozes valem mais que outras, que certas verdades são inquestionáveis, que devemos trair a nós mesmas para agradar os outros ou ‘viver melhor’ nossa vida, e que ser quem se é, com verdade, é perigoso ou negativo. Mesmo quando nossas intenções são puras e nosso coração bondoso. Nos rotularam pelo que enxergavam com os próprios olhos, não por quem de fato somos ou fomos. Assim, nossa visão foi se embaçando, nos fazendo crer que o que vem de fora é o certo, e que o caminho do coração é uma grande ilusão. Mas de fato, o que é a ilusão se não o achismo ilusório da comparação, dos achismos externos e do falso pertencimento?
Agora, Netuno retrógrado em Áries nos convida a dissolver essas amarras, enxergando e questionando essas vozes sabotadoras (interna e externamente).
Com verdade mas também com sabedoria para distinguir nossos próprios achismos, e onde também estamos sendo inflexíveis e arrogantes em nossas próprias convicções. Pois da mesma forma que estamos inseridos em um mundo onde nos sentimos atacados e desrespeitados, precisamos olhar com verdade para onde nós também atacamos ou desrespeitamos, mesmo que sutilmente, os outros também.
Nessa coragem de olhar profundamente para essas águas (principalmente as mais turvas), vamos adquirindo a maturidade e a sabedoria necessária (que não compete somente a idade física) para enxergar onde nós mesmas agimos consigo e com os outros de forma insensível e autoritária, nos limpando de ressonâncias, achismos e necessidades de pertencimento e validação, e gradativamente assumindo novamente a responsabilidade por si e pela própria vida.
E ao transitar novamente por Peixes em outubro, teremos a oportunidade de aprofundar a escuta do invisível, da alma, da sensibilidade e da mediunidade, nos colocando de forma genuína no mundo e fortalecendo em nós o sentimento de empatia e pertencimento em nossa própria verdade, e nosso servir genuíno e leve ao mundo em que vivemos. Com a possibilidade de olhar profundamente para nossas questões internas com mais consciência e coragem, para saber com mais consciência onde (e como) direcionar nossa energia.
Mas é justamente nesse ponto que muitas emoções podem emergir:
memórias de outras vidas, ecos espirituais, sensações sem nome, registros do inconsciente…
De tudo aquilo que ouvimos nesta e em outras existências, e que pode ter deixado cicatrizes profundas na alma e na visão que temos de nós e do mundo.
Sentir tudo isso pode ser confuso e intenso, podendo vir a tona dores e bloqueios antigos, fantasmas mentais que nos desencorajam a seguir, que nos fazem duvidar da própria mente, e nos rotulam por tudo aquilo que disseram que éramos, principalmente quando vieram de quem ocupava uma posição “acima”.
E num mundo onde até os rótulos oferecem um falso alívio,
às vezes nos sentimos aceitas… sem estarmos de fato sendo vistas em nossa verdadeira essência. Aquela que somente nós conhecemos, mesmo quando o mundo continua a nos apontar e inferiorizar por nossa coragem de ser, viver, se permitir errar e aprender, e ousar questionar.
Com verdade reflita…
✨Quantas vezes você sentiu que precisava se diminuir para ser aceita?
✨Quantas vezes vestiu uma personalidade que não era sua, só para se proteger?
✨Quantas vezes foi rotulada ou julgada por viver da sua maneira e expressar sua verdade sobre si e sobre a própria vida?
✨E quantas dessas ideias sobre “quem você é” foram realmente escolhidas… ou apenas herdadas ou apontadas?
✨O que você continua sustentando por medo de desagradar?
✨O que você tem medo de perder… se simplesmente for você?
Por isso, antes de seguir com impulso direto em Áries, Netuno volta para trás, para que possamos reconhecer o que ainda está nos prendendo e limitando nossa expansão de sermos quem somos com real autenticidade.
Confiantes em nossa ética, em nossa integridade, em nossa espiritualidade, e em nossa potência pessoal.
Não para ser mais que o outro ou para atacar ninguém, muito menos para viver em guerra com o mundo à nossa volta. Mas sim para deixar de guerrear com a própria essência e com nossa forma de ser e existir.
E usar da força do sutil para dissolver o que ainda nos impede de florescer por inteiro, com mais coragem e verdade, em honra a nossa essência.
Porque o questionamento que Netuno traz não é para condenar o mundo, e sim para perceber o que aceitamos, o que (e por quê) nos molda, o que ainda nos aprisiona, e principalmente, para recuperar a liberdade de sentir, de criar, de experienciar, e de permitir repensar, mudar de ideia e questionar até mesmo as próprias verdades e convicções.
Rever o que nos disseram sobre quem somos (áries) e revisitar o que sustentamos apenas por medo de não ser suficiente por si, ou por pertencimento (peixes).
E então quando Netuno voltar a seu movimento direto em Áries, que seja com coragem e ousadia.
Mas com uma coragem consciente, nutrida pela sensibilidade de Peixes, quem rege essas águas netunianas.
Firmado na ousadia de ser quem se é, não mais por imposição ou medo, mas sim pelo próprio respeito.
Porque ninguém pode ser livre sem antes reconhecer onde se deixou aprisionar.
E talvez a maior ilusão não esteja no que nos contaram sobre o mundo ou sobre quem somos… Mas sim no que, por tanto tempo, deixamos de nos questionar. ✨🐦🔥🔯